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Unesp e empresa Energy Source firmam contrato de licenciamento de tecnologia para reciclagem de baterias de íon lítio.

09/12/2020
Solução sustentável foi desenvolvida em conjunto por participantes do grupo de pesquisa CAST, do câmpus de São João da Boa Vista, e membros da empresa, com atuação facilitadora da Agência Unesp de Inovação. 

Iniciativas como os estudos crescentes sobre os impactos ambientais provocados pelas atividades humanas, e a busca pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU são cada vez mais necessárias para a preservação da Biosfera. Nesse contexto, pesquisadores e empresas em todo o mundo se engajam em alternativas para promover o equilíbrio entre as atividades tecnológicas e industriais e a manutenção dos diferentes ecossistemas; quando a união de competências e experiências diferentes ocorre em nome desse objetivo, instaurando processos de inovação aberta, os resultados são muito mais promissores.

Um exemplo desse tipo de união ocorreu no município de São João da Boa Vista, onde está instaurado um dos 24 câmpus da Unesp.  Um dos grupos de pesquisa do câmpus, o CAST (Center for Advanced and Sustainable Technologies), integrou esforços com a indústria Energy Source, também instaurada na cidade, a fim de buscar a estruturação de uma solução para viabilizar a reciclagem de baterias de íon lítio.

A Energy Source atua na reutilização e remanufatura de tais baterias desde 2016, e essas estratégias de fim de vida (End of Life – EoL) são fundamentais para agregar valor ambiental e econômico. Contudo, em determinado momento, torna-se impraticável realizar tais estratégias, fazendo com que o ciclo de vida do produto chegue ao fim. Diante desse desafio, em 2018, o grupo de pesquisa CAST formalizou um acordo de confidencialidade com a empresa e iniciou o desenvolvimento de uma tecnologia para propiciar o processo de reciclagem.

Nasceu, assim, a RecycLib, solução baseada em processos com ciclos fechados de produção, baixos potenciais de impactos ambientais, alta viabilidade econômica, segurança laboral e adequação ao escalonamento industrial. O pedido de patente foi depositado no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) pela Agência Unesp de Inovação no dia 30 de julho de 2020, e a tecnologia foi licenciada em 23 de outubro do mesmo ano, um tempo muito curto mesmo com a complexidade do processo, que, agora, está na fase de realização de testes pilotos usando uma escala semi-industrial. A consolidação da primeira patente licenciada do câmpus de São João da Boa Vista promete ser um importante divisor de águas para todos os envolvidos.

Conheça mais detalhes sobre os protagonistas que possibilitaram essa conquista no vídeo abaixo, produzido pela TV Unesp, e nas informações destacadas na sequência:

Boletim Unesp Notícias sobre o primeiro licenciamento do câmpus de São João da Boa Vista

 

Grupo CAST

O professor José Augusto de Oliveira, docente da Unesp desde 2016, lidera com muita honra o “Center for Advanced and Sustainable Technologies”, cadastrado no Diretório do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O pesquisador, formado em Engenharia Ambiental, bacharel em Administração, além de mestre e doutor em Engenharia de Produção, realiza estudos voltados especialmente para a Engenharia do Ciclo de Vida de produtos tecnológicos. “Minha maior motivação na trajetória acadêmica é buscar soluções para uma melhor convivência entre as atividades tecnológicas e a sustentabilidade das diferentes espécies. Nesse sentido, o grupo de pesquisa que eu coordeno tem o propósito de desenvolver e analisar tecnologias e produtos avançados para reduzir os impactos ambientais negativos desses elementos durante o ciclo de vida deles, proporcionando a otimização do desempenho ambiental, tecnológico e econômico desses ativos. Somos uma equipe multidisciplinar e interdisciplinar, formada por químicos, matemáticos, físicos e engenheiros de diversas áreas como ambiental, telecomunicações, metalurgia, materiais, mecânica, química, aeronáutica, produção, entre outras. Trabalhamos para contribuir ativamente na produção de conhecimento, desenvolvimento e aplicação de tecnologias sustentáveis, visando gerar resultados tangíveis à sociedade”, destaca José Augusto.

O pesquisador explica que, para viabilizar os trabalhos aplicados, o CAST possui parcerias com empresas de diversos setores e agências de desenvolvimento científico, e atua em frentes como:  Reciclagem de resíduos de equipamentos eletrônicos (REE);  Engenharia de ciclo de vida (ECV);  Reciclagem de baterias de íon de lítio; Comunicações ópticas;  Aplicação de redes neurais artificiais e aprendizado de máquina na avaliação do ciclo de vida (ACV); Processamento e propriedades de materiais.

Por conta de todas essas expertises, realizou-se a aproximação com a Energy Source para o desenvolvimento da tecnologia RecycLib, que teve como inventora principal a Dra. Mirian Paula dos Santos. Juntamente com ela e com José Augusto, atuaram no projeto os membros do CAST: Ivan Aritz Aldaya Garde; Jozué Vieira Filho; Lúcio Cardozo Filho; Marcelo Luis Francisco Abbade; Marco Aurélio Marcon de Donato.

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Energy Source

David Noronha, CEO da empresa, destaca que a organização é pioneira na América Latina na produção de baterias estacionárias de lítio para energia solar. Para isso, a Energy Source utiliza uma tecnologia exclusiva que permite o reuso de baterias descartadas, e, agora, graças à parceria feita com a Unesp, a empresa será a primeira do mundo a ter uma solução completa de ciclo fechado para as baterias (envolvendo reuso e reciclagem). “Estamos transformando um dos maiores problemas globais e ambientais em uma solução para abastecer a economia circular, e isso é incrível”, comemora David.

O CEO também pontua que a parceria com a Universidade Estadual Paulista ocorreu por conta de uma estagiária de Engenharia de telecomunicações, que estava finalizando o curso de graduação na Unesp e iniciando o mestrado em Engenharia Elétrica. Ela foi a ponte para um encontro promissor. Por meio dele, foi possível mapear a necessidade de desenvolver uma tecnologia própria para a reciclagem das baterias que, a priori, não podiam mais ser reutilizadas no processo industrial. David ressalta: “Muitos desafios ocorreram ao longo da trajetória, por se tratar de algo completamente novo que demandava recursos, equipamentos e informações diversas. Contudo, o time de pesquisadores, alunos e engenheiros da indústria e da universidade responderam à altura ao que foi proposto. Entre os envolvidos da nossa empresa que atuaram no projeto, além de mim, destaco o Peter Matthiesen, que fundou a Energy Source comigo; e, além dele, três mestrandas em Energia Elétrica pela Unesp: Bruna Dias Pires de Souza; Letícia Barbosa Fidanza; Carolina Magda Bassoto Ronchini”.

Ainda segundo David, com a assinatura do contrato de licenciamento, a empresa tem a possibilidade de realizar negócios a nível mundial que terão, como bandeira principal, a sustentabilidade e a melhor qualidade de vida no planeta. “Temos as melhores expectativas possíveis. Pensamos de início no mercado interno e na sequência queremos chegar a países da Europa, América do Norte, entre outros locais”.

Questionado sobre a importância da aproximação entre as universidades e o setor produtivo, o CEO é enfático: “Ainda há muito para desenvolver. Inúmeras oportunidades são perdidas por falta de diálogo entre esses atores, e os envolvidos precisam se adaptar para que isso se modifique. Ou seja, a universidade precisa estar mais próxima à realidade comercial e ao tempo de execução, e, por sua vez, a indústria precisa entender a dinâmica e os interesses da área acadêmica para dar todo o suporte e toda a valorização para a realização de parcerias. Instâncias como a Agência Unesp de Inovação são fundamentais para contribuir com essa aproximação”.

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Agência Unesp de Inovação

A AUIN participou ativamente de todo o processo de conexão entre o grupo CAST e a Energy Source, inicialmente elaborando instrumentos para garantir a confidencialidade das informações e o desenvolvimento em conjunto das atividades, posteriormente recebendo as informações da Comunicação de Invenção e depositando o pedido de patente junto ao INPI, e, então, viabilizando a transferência da tecnologia da universidade para a empresa por meio do contrato de licenciamento.

O professor José Augusto pontua: “A equipe AUIN é extremamente competente, engajada e, ainda por cima, nos atendeu sempre com muita simpatia e cordialidade. Deixamos um parabéns especial para a Rita de Cassia Cortazzi Costoya, o Renan Padron, a Fernanda Ferrari e a Sabrina Paduan. Aprendemos muito com todo o processo que foi realizado, e esperamos que muito em breve tenhamos outros processos de licenciamento com o apoio da AUIN; afinal, já temos projetos em desenvolvimento com significativos potenciais de patenteabilidade, e estamos tendo todo o suporte da Agência para que eles evoluam. Ressalto, como dica geral a outros pesquisadores da Unesp, que eles contatem e contem com o apoio da Agência, pois ela é essencial”.

Rita Costoya, gerente de Transferência de Tecnologia da AUIN, destaca: “O desenvolvimento colaborativo de uma solução, integrando universidade e empresa, é uma atividade estratégica para chegar a um processo de licenciamento e trazer resultados que beneficiem a vida das pessoas. Nós entendemos que a união de várias competências por meio de um trabalho de inovação aberta é fundamental para gerar frutos para a sociedade, e isso precisa ser fomentado. Ficamos muito felizes, enquanto AUIN, por sermos os facilitadores de um processo de construção e aprendizado coletivo que está sendo transformado em um produto sustentável para o mercado. O grupo de pesquisa CAST entendeu a necessidade da empresa, soube trabalhar de maneira colaborativa, e esse é um grande caso de sucesso. Além disso, vale a pena destacar a postura proativa do professor José Augusto de buscar a todo o momento empresas e oportunidades de parcerias para a realização de pesquisas aplicadas. Esperamos que outras invenções e transferências de tecnologias se consolidem no câmpus de São João da Boa Vista”.

Ainda sobre a conquista do licenciamento, o professor Wagner Cotroni Valenti, diretor da AUIN durante a gestão 2017-2020, exalta: “Esse contrato é um dos 10 licenciamentos que foram realizados pela Agência Unesp de Inovação só em 2020. Se considerarmos o período de 2017 a 2020, o total é de 24, número muito superior a tudo que já havia sido conquistado na história da Unesp. Estamos muito satisfeitos com esse resultado. Ele é consequência de um trabalho sério, consistente e responsável, e esperamos que a AUIN caminhe, cada vez mais, a passos largos para trazer alegria, felicidade, produtividade e impacto positivo para os diferentes membros da Unesp e para toda a sociedade”.

 

Autoria da matéria: Tainah Veras.