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Dispositivo inédito criado na Unesp deve ampliar acesso a tratamentos odontológicos

17/01/2022
Equipamento conectado a aplicativo de celular pode baratear em até quatro vezes procedimentos de fototerapia e fotopolimerização; Mais rápido, eficaz e de fácil manuseio, nova tecnologia também é capaz de reduzir os riscos do reaparecimento de cáries
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Tratamentos de fototerapia e fotopolimerização devem ficar mais baratos. Foto: Canva

Um novo equipamento com tecnologia LED para tratamento odontológico, desenvolvido por pesquisadores da Unesp, em Botucatu, reúne funções de dois aparelhos diferentes para realizar restaurações dentárias de forma mais eficaz, rápida, não invasiva e econômica. Basta trocar a ponta do dispositivo de encaixe manual de acordo com a finalidade do procedimento, podendo ser utilizado tanto para tratamentos de fototerapia como de fotopolimerização. A inovação, que ainda tem baixo consumo de energia elétrica, pode ser configurada de forma remota, via bluetooth ou wi-fi, por meio de um aplicativo instalado em celular ou tablet. O software, que também foi criado na Universidade, acompanha e monitora a realização dos procedimentos trocando informações em tempo real com o instrumento e ainda é capaz de dosar a quantidade de luz emitida pelo LED sobre os dentes, de acordo com a função a ser desempenhada. Os dentistas, por sua vez, podem acompanhar todo o processo através de um display LCD, definindo as configurações de interesse. 

O protótipo construído por impressão 3D tem viabilidade industrial, é de fácil manuseio, possui bateria recarregável, autonomia de até 8 horas e já foi patenteado pela Agência Unesp de Inovação (AUIN). “Até então, para realizar a fotopolimerização e tratamentos por fototerapia, era necessária a aquisição de dois dispositivos distintos. A fotopolimerização usa uma fonte de luz ultravioleta, já a fototerapia é usualmente feita com Laser de Baixa Intensidade com frequência de luz na região do infravermelho. Esses equipamentos têm funções diferentes e são de alto valor no mercado. Nós unimos os dois dispositivos em um único equipamento”, explica o professor Rafael Plana Simões, docente do Departamento de Bioprocessos e Biotecnologia da Unesp e um dos responsáveis pela invenção. Utilizando LED, os pesquisadores conseguiram reproduzir efeitos obtidos, até então, apenas por Laser de Baixa Intensidade, algo inédito na literatura científica, o que permitiu a criação de uma única ferramenta no qual é possível trocar a ponteira de acordo com a função desejada.

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Novo produto desenvolvido na Unesp. Foto: Rafael Simões

De acordo com um levantamento realizado pelos cientistas, um fotopolimerizador de boa qualidade chega a custar cerca de R$ 1.000, enquanto um equipamento de Laser de Baixa Intensidade para fototerapia pode ser comprado por até R$ 5.000. Já o novo equipamento que une as duas funções, tem custo aproximado de R$ 1.300, além de proporcionar economia com energia elétrica. “Para a fotopolimerização, a ponteira utiliza fonte de luz LED com emissão luminosa na frequência da cor azul, violeta ou ultravioleta, enquanto para fototerapia, a ponteira conta com um LED com propriedades semelhantes à luz infravermelho, invisível a olho nu”, descreve o professor, que é físico e trabalha com o desenvolvimento de instrumentos para a área da saúde.

Segundo Rafael, muito tem se investido atualmente em tecnologias ópticas - já bastante conhecidas e buscadas pelo grande público, utilizadas na saúde ou mesmo em procedimentos estéticos. “Na área de odontologia restauradora também há diversas fontes de luz usadas para diferentes fins. Os fotoativadores e aparelhos de fototerapia são os mais comuns nos consultórios”, relata. A fotopolimerização é um procedimento para restaurar dentes utilizando resinas, um dos materiais que se popularizaram por melhorar a aparência em restaurações dentárias. Quando se quebra o pedaço de um dente, por exemplo, o profissional prepara essa massinha e insere na boca do paciente para preencher aquele espaço. Hoje em dia, as resinas reproduzem a cor do dente e são quase imperceptíveis. Em seguida, é preciso provocar uma reação química para que a massa se transforme em polímero, endurecendo o material. Essa alteração é provocada pelo polimerizador, o qual ativa o processo de fotopolimerização”. 

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Figura detalha os componentes da nova tecnologia. Foto: José Eduardo Rodokas

As funções de fotopolimerização do novo dispositivo já foram avaliadas em testes práticos realizados pelo grupo de pesquisa da Unesp com dentes humanos. Os resultados dos experimentos comprovaram a eficácia do aparelho, além de revelar que a novidade apresenta resultados melhores do que as máquinas usadas hoje em dia. “Atualmente, existem diversas pesquisas na área com o objetivo de aprimorar o processo de fotopolimerização, tanto pela melhoria das características físico-químicas das resinas, quanto pela evolução das tecnologias de polimerização. Isso porque a resina contrai durante a polimerização e, por isso, há o risco de ocorrer alguma infiltração na boca do paciente devido às fendas que podem se formar. A nossa tecnologia reduz a contração da resina para endurecê-la e por isso o risco de infiltração diminui”, celebra.

Já a fototerapia, por sua vez, é amplamente utilizada na área médica e odontológica para diversos tipos de tratamentos, por ser um método não invasivo e com potencial de estimular o crescimento celular e otimizar a cicatrização de feridas, além de aliviar a dor e combater inflamações, acelerando a recuperação pós-cirúrgica. Em geral, os tratamentos de fototerapia são realizados utilizando luz Laser de Baixa Intensidade e, cada aplicação, conta com uma frequência luminosa específica. Com a substituição por LED na função de fototerapia, a técnica se torna muito mais econômica. Para funcionar, o laser precisa ser ligado na tomada, enquanto o equipamento desenvolvido na Unesp conta com uma bateria recarregável, com autonomia de até 8 horas. 

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Dispositivo se conecta a aplicativo de celular. Foto: Rafael Simões

A troca de parte do aparelho que contém a fonte de luz (LED azul e LED infravermelho) pode ser feita sem o uso de qualquer tipo de ferramenta, apenas com um encaixe manual. Para operá-lo, basta baixar um aplicativo no tablet ou no smartphone e selecionar a ponteira escolhida e as propriedades do tratamento que será realizado. O aplicativo conta com um banco de dados com 20 parâmetros pré-definidos para a restauração de cinco modelos diferentes de resina – os mais vendidos no mercado, já que cada um deles conta com propriedades químicas diferentes e, por consequência, demandam processos de polimerização distintos.

“No aparelho convencional, o dentista precisa realizar as configurações de controle de intensidade da luz e tempo de polimerização manualmente. Agora, o trabalho fica muito mais fácil. Basta clicar no modelo da resina que será polimerizada (para fotopolimerização), ou definir o tempo que a luz vai ficar acesa e sua intensidade (para fototerapia) e, por bluetooth ou wifi, o aplicativo envia os parâmetros ópticos de polimerização para o equipamento”, explica o professor. “É intuitivo e não preciso de nenhum tipo de treinamento específico para o usuário. O tratamento vai ser mais rápido e menos incômodo para o paciente”, destaca o docente. 

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Ponteira do aparelho pode ser trocada de acordo com o tratamento que será realizado. Foto: José Eduardo Rodokas

O estudo que resultou na inovação reuniu pesquisadores de diferentes áreas. Há 7 anos, estudantes de iniciação científica, mestrandos e doutorandos colaboraram com a construção do projeto. “O grande valor da pesquisa está em atravessar os muros da Universidade e chegar até o público. Romper essa barreira é de extrema importância para oferecer mais qualidade de vida para a população. Infelizmente, poucos brasileiros têm acesso aos serviços de dentistas. Barateando os equipamentos e o tratamento, podemos popularizar a tecnologia e mudar essa realidade”, afirma Rafael. Os pesquisadores seguem trabalhando na otimização da inovação e agora devem submeter ao Comitê de Ética e Pesquisa a proposta para o início dos testes em humanos da função de fototerapia. “Estamos procurando parceiros no Brasil e no exterior, além de potenciais empresas ou investidores para acelerar a chegada do produto ao mercado”, finaliza. O aplicativo para gerenciamento da inovação está disponível na Google Play Store com o nome MDev.

Fazem parte do grupo de pesquisa que desenvolveu o produto: Prof. Dr. Rafael Plana Simões, Profa. Dra. Ivana Cesarino, Prof. Dr. Alcides Lopes Leão, Prof. Dr. Matheus Bertanha, Prof. Mohammad Arjmand (University of British Columbia), Guilherme dos Santos Sousa, Gabriel Felipe Guimarães, Edilmar Marcelino, José Eduardo Petit Rodokas, Arilson José de Oliveira Júnior e Pedro Henrique de Andrade Affonso.

Sobre a AUIN - A Agência Unesp de Inovação realiza estudos de viabilidade das invenções dos pesquisadores da Universidade, atua na proteção do patrimônio intelectual e nos trâmites necessários para gestão de patentes. Assim, o órgão é responsável por negociar parcerias e transferir tecnologia da universidade para os setores empresariais e sociais por meio de licenciamentos.

A AUIN também incentiva e apoia o empreendedorismo universitário, estimulando a criação de novos os negócios, empresas filhas, startups e spin-offs, além de produtos, serviços e soluções que em seu processo de construção e execução possam beneficiar tanto a Unesp como a sociedade. Se você deseja comunicar sua invenção e solicitar um pedido de patente, bem como conhecer todos os detalhes sobre o trabalho da Agência, acesse o site da entidade clicando neste link.

 

Por Eduardo Sotto Mayor, da Fontes Comunicação Científica, para a AUIN

 

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