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Notícia

Unesp é contemplada com bolsa de doutorado para inovação do CNPq

11/12/2018
Chamada inédita está baseada em projeto com vínculo direto do doutorando com setor privado

Unesp foi contemplada com dez bolsas de doutorado na chamada do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para o Programa Doutorado Acadêmico para Inovação (DAI), criado com o objetivo de fortalecer a pesquisa, o empreendedorismo e a inovação nas instituições científicas brasileiras. O resultado preliminar da chamada foi divulgado pelo CNPq nesta terça-feira (11) e a Unesp é uma das 38 instituições selecionadas para receber cotas de bolsas do programa.

Chamada de “Formação Empreendedora de Doutorandos para Aumento da Competitividade de Empresas por meio da Inovação Científica Empresarial”, a proposta da Unesp vai colocar alunos de doutorado dos programas de pós-graduação da Universidade dentro de empresas parceiras para gerar conhecimento e desenvolver produtos ou processos que ajudem na resolução de problemas práticos, objetos de estudo dos doutorandos.

Em 2018, foi a primeira vez que o CNPq abriu uma chamada desse tipo, voltada a propostas de parcerias entre instituições de ensino e pesquisa e a iniciativa privada. O programa havia sido implantado, como experiência piloto, quatro anos atrás na Universidade Federal do ABC e só neste ano foi expandido para outras instituições com a finalidade de induzir a inovação e, conseqüentemente, melhorar a competitividade empresarial e o desenvolvimento científico-tecnológico do país.

“É um novo paradigma”, afirma o professor João Lima Sant’Anna Neto, pró-reitor de pós-graduação da Unesp. “No Brasil, sempre tivemos muitas dificuldades de fazer parcerias, principalmente com o setor privado, e foi a primeira vez que, de forma institucional, a Unesp entrou em um programa desse tipo vinculado ao setor privado”, diz o docente.

João Lima Sant’Anna Neto explica que o estudante de pós-graduação que ingressar no Doutorado Acadêmico para Inovação (DAI) desenvolverá a tese sob os olhares de dois orientadores: o acadêmico, vinculado à Universidade; e um tutor, nomeado pela empresa parceira, que assumirá um papel de co-orientador da tese, já que o objeto de estudo estará diretamente relacionado à dinâmica empresarial.

“O doutorado vai ter que conciliar um trabalho de fôlego acadêmico-científico, e uma colaboração com a indústria na elaboração de processos ou de alguma forma de inovação que tenha impacto na vida daquela empresa”, diz o pró-reitor de pós-graduação da Unesp.

Ação ConjuntaO projeto da Unesp foi construído por meio de uma ação conjunta entre a Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PROPG) e a Agência Unesp de Inovação (AUIN), que tem expertise em parcerias com o setor privado e ajudou a dar robustez à proposta.

De acordo com o professor Wagner Cotroni Valenti, diretor da AUIN, o direcionamento do saber e do fazer científicos para ações mais concretas é uma tendência global, reforçada no Brasil pelo Doutorado Acadêmico para Inovação do CNPq.

“O objetivo é aproximar cada vez mais a ciência do setor produtivo”, acredita Wagner Cotroni Valenti. “Tenho observado, em termos internacionais, que está havendo uma mudança no foco da ciência porque a sociedade tem cobrado que os investimentos públicos na ciência têm sido muito altos em relação àquilo que retorna para a própria sociedade”, afirma o diretor da AUIN.

Como exemplo, Valenti cita as palavras que ouviu em uma reunião da União Europeia para a Ciência e a Tecnologia. Ao questionar o que pesava mais na hora de se avaliar um projeto, ouviu que “produtos e processos” tinham mais peso do que “artigos científicos” publicados. Ou seja, o foco da ciência para a resolução de problemas está mais forte do que nunca.

“Hoje a gente vê um esforço dos governos e das agências de fomento de colocar a ciência mais perto da sociedade e aí é que eu acho que entra esse programa do CNPq”, afirma o diretor da Agência Unesp de Inovação. “O que se espera atualmente é que o pesquisador faça ciência de alto nível e não deixe para que a aplicação (da ciência produzida) seja feita por outras pessoas. Ele precisa fazer ciência de alto nível, precisa publicar e, além disso, gerar produtos e processos ou algum conhecimento que seja utilizado pela sociedade”, resume Wagner Cotroni Valenti.