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Notícia

Unesp deposita patente de equipamento que auxilia manejo bovino

29/01/2019
Tecnologia da Unesp

Aproveitar ao máximo o pasto é um elemento fundamental para melhorar a produtividade pecuária e reduzir cada vez mais seu impacto sobre o ambiente. No câmpus de Ilha Solteira, dois pesquisadores de áreas distintas se uniram para criar um equipamento que automatiza a medição da altura da pastagem, permitindo maior eficiência na alimentação do rebanho.

O protótipo criado pelo zootecnista Leandro Coelho de Araujo, professor no Departamento de Biologia e Zootecnia da Unesp de Ilha Solteira, e pelo engenheiro mecânico Douglas Domingues Bueno, professor no Departamento de Matemática, é capaz de medir a altura da pastagem por meio de ultrassom, dispensando assim técnicas manuais que fazem uso de régua ou trena. “O equipamento é capaz de realizar dezenas de registros por minuto, cobrindo uma área muito maior e com muito mais precisão que a medição manual”, explica Araújo, que é especialista em Produção, Manejo e Conservação de Plantas Forrageiras.

 

O pesquisador explica que a maior parte dos rebanhos bovinos no país é criada em pastos, uma vez que nosso clima permite o crescimento da forrageira de forma abundante, barateando essa forma de produção. Neste tipo de produção, existe uma altura ideal para cada tipo de pastagem ser consumida pelos animais, de forma a alcançar a melhor eficiência do rebanho e perenidade das pastagens.

Em sistemas chamados de rotativos – onde a pastagem é dividida em vários piquetes –,  existem alturas ideais para a entrada e saída do rebanho de um determinado piquete, enquanto para sistema com lotação contínua a altura ideal está entre uma faixa recomendada.

Manejo do pastejoAtualmente, esse cálculo pode ser feito manualmente pela mensuração da altura em diversos pontos representativos da pastagem. Dependendo do tamanho do rebanho ou do tipo de capim, determina-se o momento exato para mudar o lote de animais de um piquete para outro (no sistema rotativo) ou para fazer ajustes na taxa de lotação, adicionando ou removendo animais do lote na busca pelo equilíbrio entre a demanda e a oferta de capim (no sistema contínuo).

A tecnologia desenvolvida pelos pesquisadores de Ilha Solteira automatiza, dá maior precisão e é capaz de ampliar a área dessa medição, além de eliminar o efeito subjetivo intrínseco a cada avaliador quando realizado com régua ou trena. “Utilizando esse equipamento eu consigo saber o momento exato em que a altura definida foi alcançada dentro do piquete, permitindo uma maior eficiência de pastejo. Essa busca pelo ótimo é o que se chama hoje em dia de Zootecnia de Precisão: cada dia que você perde com os animais abaixo da sua eficiência de pastejo resulta em menor produtividade para o produtor”, aponta Araujo.

 

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Por ser um equipamento pequeno, o protótipo pode ser acoplado a um drone, permitindo o registro e o cálculo da altura do capim de grandes áreas destinadas à pecuária. Um produtor pode, por exemplo, realizar registros diários e quando o equipamento detectar que o capim alcançou a altura ideal, ele pode mover o lote de animais para este pasto (chamada altura pré-pastejo) ou pode detectar o instante em que a altura sugere a retirada do lote deste piquete (chamada altura pós-pastejo). O estudo está em andamento e visa também acoplar o equipamento em pivô central e nos bovinos que fariam os registros das alturas durante o pastejo.  

Leandro conta que teve a ideia de criar o produto cerca de três anos atrás. Depois de avaliar a possibilidade de desenvolver a ideia e analisar sua viabilidade comercial, Leandro procurou o pesquisador Douglas Bueno, engenheiro mecânico, que tem como linha de pesquisa o Desenvolvimento de Materiais e Sistemas Inteligentes. Fizeram parte da equipe os mestrandos em Engenharia Mecânica Frederico Albuquerque Ribeiro e João Angelo Ferres Brogin, e o graduando em Engenharia Mecânica Daniel Rodrigues. Todos os membros da equipe pertencem ao câmpus de Ilha Solteira.

PatenteA equipe desenvolveu o protótipo e realizou os primeiros testes. Os resultados foram satisfatórios e estimularam os pesquisadores a procurarem o apoio da Agência Unesp de Inovação (AUIN). A agência, responsável pela proteção da produção intelectual da universidade, fez a análise técnica, a avaliação dos critérios legais para o depósito da patente, como a pesquisa da existência de outro produto similar, além de fazer a redação do depósito da patente.

Com a patente já depositada junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPE), a agência irá auxiliar na transferência da tecnologia para o mercado. “Os próximos passos envolvem análise de mercado, conhecer e entrar em contato com empresas que poderiam se interessar pela tecnologia!”, explica Renan Padron, gerente de propriedade intelectual da AUIN. Essa etapa é desenvolvida pela gerente de transferência de tecnologia, Rita Costoya. Somente no último ano, a agência recebeu mais de cem comunicações de invenções.

Com a ajuda da AUIN, os pesquisadores irão agora procurar parceiros e empresas que atuem ou tenham um perfil voltado para a área da pecuária para partir do protótipo para um produto comercializável que possa alcançar o produtor no campo. “Otimizar o uso da terra hoje é extremamente importante, uma vez que a agropecuária busca cada vez mais produtividade e menos impacto ambiental. A terra é um bem muito valioso que não deve ser desperdiçado”, afirma Araujo. O objetivo é que a tecnologia possa ser usada por pecuaristas, consultores e startups como ferramenta para auxiliar no manejo de rebanhos em pasto, além de seu uso em pesquisas.