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Notícia

Quanticum conecta inovação e empreendedorismo no agronegócio

23/04/2020
AgriTech com DNA da Unesp mapeia a qualidade dos minerais dos solos agregando a experiência de diferentes gerações de pesquisadores 

Vídeo de apresentação da Quanticum traz informações gerais sobre a empresa e depoimentos de empreendedores e pesquisadores da Unesp.

 
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Locais com mesmo tipo de solo, classe textural ou teor de argila possuem diferenciações que condicionam potenciais agronômicos e ambientais distintos, e é na realização desse mapeamento que a Quanticum trabalha. 

 

No ano de 1869, o suíço Johann Miescher atestou a existência do DNA. Em 1953 foi possível conhecer a estrutura de dupla hélice da molécula com os estudos do britânico Francis Crick e do americano James Watson, publicados na revista Nature no dia 25 de abril do mesmo ano.

Como é possível observar a partir desse fato, há várias décadas presenciamos o impacto positivo de conexões entre pesquisadores de diferentes países e de gerações distintas, que permitem projetos científicos e inovadores capazes de contribuir com o cotidiano de milhões de pessoas.

Em outras palavras, a descoberta da molécula que revolucionou o entendimento sobre a vida só foi possível, assim como em tantos outros exemplos, graças ao investimento em conhecimentos que se constroem ano após ano e às trocas possibilitadas pela cooperação e pelo compartilhamento entre estudiosos que se unem em prol de objetivos comuns.

Um dos espaços propícios para o encontro e o estímulo a esses indivíduos são as universidades públicas, que se constituem em grandes celeiros tanto para as pesquisas realizadas de modo colaborativo, quanto para a estruturação de empreendimentos que permitem o acesso e o aproveitamento dos benefícios das invenções no dia a dia.

Enquanto pessoas do mundo todo comemoraram, em abril de 1953, a descoberta de Crick e Watson viabilizadas no âmbito científico, a Unesp comemora o fato de ter, entre suas empresas filhas, uma startup que, além de possuir um DNA com histórias de pesquisadores unespianos inovadores e empreendedores (unidos tanto por laços genéticos quanto pelo amor à Agronomia), também trabalha diariamente para entender o próprio DNA dos solos brasileiros, tornando-se referência internacional nessa proposta.

A Quanticum [http://www.quanticum.com.br/] é liderada por Renan Gravena (CEO) e Gustavo Pollo (Diretor de Operações), ambos formados pela Unesp, contando ainda com a participação de Diego Siqueira (pesquisador associado), mais um egresso da universidade.

A empresa é pioneira na utilização comercial da identificação e do mapeamento dos minerais presentes nos diferentes tipos de solos tropicais do país, o que possibilita compreender as características agronômicas e ambientais das terras, impactando diretamente na produtividade dos cultivos agrícolas.

Esse entendimento aprofundado sobre a composição do solo, que viabiliza o negócio da Quanticum, possui grande contribuição dos estudos delineados no Grupo de Pesquisa CSME (Caracterização do Solo para Fins de Manejo Específico - http://www.csme.com.br/ ) da Unesp de Jaboticabal, coordenado pelo prof. dr. José Marques Júnior, docente da universidade desde 1988.

De acordo com o professor, o grupo procura entender há vários anos como ambientes naturais e agrícolas funcionam, e, para isso, pesquisa especialmente a mineralogia do solo. “Assim como a biodiversidade de um milhão e duzentas mil espécies conhecidas no planeta Terra é resultante da variação do DNA, grande parte do potencial agrícola e ambiental dos solos no nosso planeta é resultado da sua variação mineralógica. Entender os minerais, é, então, entender o DNA das terras. Existem mais de 400 tipos de minerais registrados, mas as potencialidades de cada solo têm forte influência da fração de argilas que os compõe, ou seja, dos minerais menores que 0,002 milímetros, como hematita, goethita, caulinita e gibbsita, que são especialmente influentes nos ambientes tropicais, como é o caso do Brasil. Apesar desses minerais serem muito pequenos, assim como as bactérias, vírus e grãos de pólen, eles têm grande impacto nas nossas vidas, especialmente no planejamento de uso e na ocupação sustentável do solo. Por isso, é fundamental entender a estrutura das argilas, saber como esses tipos de minerais microscópicos se formam no solo, de que forma as variações e transformações deles influenciam na produtividade das culturas agrícolas, na qualidade do que é plantado, na segurança alimentar da população, no desenvolvimento sustentável, entre outros aspectos”.

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Inauguração da ampliação do laboratório de mineralogia do solo na Unesp Jaboticabal em 2011

Gustavo Pollo , Diego Siqueira e Renan Gravena, que atuam na Quanticum, foram alunos do professor José Marques Júnior, e, durante os estudos no câmpus de Jaboticabal, alimentando as conexões geradas no ambiente universitário, foram enxergando cada vez mais o potencial de oferecer técnicas de mapeamento do solo a produtores do Brasil. Assim, na terra da Unesp, regada por muita pesquisa, espírito empreendedor, pensamento lógico, criatividade e ciência básica, começou a germinar a semente da Quanticum, carregando o repertório distinto de seus membros.

Gustavo possui o empreendedorismo e a paixão pelo Agronegócio literalmente no DNA, já que vem de uma família de 3 gerações de consultores de café, com atuação no interior de São Paulo, em Minas Gerais e na Bahia. Ele se formou no curso de Engenharia Agronômica  da Unesp em 2008, ingressou no mestrado na mesma universidade em 2011, e logo que finalizou a pós-graduação, decidiu abrir a Pollo [http://www.polloprecisao.com.br/, outra empresa filha da Unesp que ainda continua ativa, e realiza a prestação de serviços em Agricultura de precisão, oferecendo recomendações para as maiores cooperativas de café do Brasil e grandes multinacionais do planeta. 

 

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Gustavo Pollo, diretor de operações da Quanticum e CEO da Pollo

 

Os conhecimentos e experiências desenvolvidos na Pollo, e as parcerias estabelecidas entre pessoas e grupos de pesquisa da Unesp, fizeram com que Gustavo enxergasse como oportunidade de negócio a realização de mapeamentos da qualidade das argilas, visando  contribuir na definição de zonas de manejo e ambientes de produção dos solos.

Assim, ele se uniu a Diego, atual pesquisador associado da Quanticum. Diego possui graduação e pós-graduação pela Unesp com foco em geofísica aplicada às ciências agrárias e ambientais e gestão da Pesquisa e Desenvolvimento em AgriTech, e conta com uma bagagem bastante diversificada: atuação em P & D no Grupo São Martinho; assessorias na área para empresas de base Agro; participação na fundação da Incubadora de Base Tecnológica da Unesp Jaboticabal [InovaJab - http://www.inovajab.com.br/]; apoio na criação do Núcleo São Paulo da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo; participações na Comissão de Pedometria da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo e na Rede MDS para Mapeamento Digital de Solo. Atualmente, ele realiza a gestão de projetos tecnológicos no Supera Parque e a liderança temática em AgriTech na Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores). Diego tem inúmeros projetos, livros, capítulos de livro e artigos científico-tecnológicos nas melhores revistas mundiais na área de magnetismo aplicado na agricultura, focando os diferentes tipos de argila. Segundo o Ranking internacional da Plataforma Scopus, uma das maiores do mundo com mais de 17 mil instituições de pesquisa e pesquisadores associados de 231 países, Diego está entre os 25 cientistas do mundo nessa área, e entre os cinco do país. Com toda essa experiência, o pesquisador contribui diretamente com ações de relacionamento, prospecção e apoio científico à base tecnológica da Quanticum.

 

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Diego Siqueira, pesquisador associado da Quanticum

A tríade unespiana da startup se completa com a presença de Renan Gravena, CEO da empresa. Renan fez graduação e mestrado na Unesp, e também carrega o amor pelo empreendedorismo e a conexão com a ciência literalmente em seu DNA.

 

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Renan Gravena, CEO da Quanticum

O pai dele, prof. dr. Santin Gravena, atuou durante 19 anos no câmpus de Jaboticabal, e sempre se motivou a buscar soluções inovadoras para reduzir o número de aplicações de agrotóxicos. Santin foi pioneiro em estudos brasileiros sobre o Manejo Integrado de Pragas (MIP) a partir de ideias vindas da California, e tornou-se referência na área nas culturas de Algodão, Tomate e Café, conseguindo reduzir, por exemplo, em diferentes plantações de Algodão, de 40 para 3 aplicações de agrotóxicos em determinada safra, obtendo o mesmo efeito. Após completar o tempo de contribuição previdenciária, ele deixou a Unesp e fundou, em 1994, a Gravena, uma empresa filha da universidade focada no Manejo Integrado de Pragas, que logo se tornou referência na realização de estudos, treinamentos e atendimentos no Brasil e na América Latina. Santin destaca: “Treinamos mais de dez mil inspetores de pragas de diferentes culturas, e eu fui o criador da profissão de Pragueiro na citricultura e nas plantações de tomate. Também  realizamos mais de mil palestras e visitamos cerca de 450 produções agrícolas para a realização de consultorias e assessorias. Nunca parei de estudar, trabalhar e compartilhar conhecimento, independente de onde estivesse, e sempre busquei alcançar o crescimento com esforço, criatividade, entendimento dos cenários e boa capacidade de administração”.

 

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Santin Gravena (à direita) compartilhando informações no campo

A atuação do professor e pesquisador ganhou ainda mais força com o apoio do filho Renan, que entrou como estagiário na Gravena quando ainda fazia graduação na Unesp, e após a realização do mestrado e do doutorado, passou a realizar a administração da empresa fundada pelo pai. O pioneirismo das atividades, as boas práticas laboratoriais e a presença de ações de referência em todo o Brasil chamaram a atenção da multinacional SGS, empresa suíça de prestação de serviços e pesquisa com atuação em 140 países e mais de 9000 empregados espalhados pelo mundo. Em 2012, a Gravena foi vendida para a SGS, Renan liderou o processo de transição até 2014, e, então, passou a atuar para a multinacional no desenvolvimento de novos negócios para a América do Sul, mudando-se para os Estados Unidos em 2017, onde mora até hoje.

A fim de buscar empresas a serem adquiridas pela SGS, Renan passou a observar o mercado de Agricultura de precisão, e, depois de muitos estudos, já com a intenção de buscar novos desafios profissionais, ele tomou contato com o trabalho que Gustavo Pollo vinha desenvolvendo, e com o projeto que ele e Diego tinham de estruturar um negócio para realizar, de forma comercial, o mapeamento dos minerais do solo usando como base os estudos do Grupo de Pesquisa CSME do prof. dr. José Marques Júnior. Renan destaca: “Em todos os anos em que me dediquei às pesquisas sobre empresas que atuam na área Agro, observei que não havia nada de muito novo sendo criado para apoiar o segmento de Agricultura de Precisão. A maioria das empresas trabalha com a análise da fertilidade do solo utilizando o apoio de imagens, satélites, micro satélites, softwares e plataformas de gestão. Porém, a ideia da Quanticum de qualificar as argilas do solo e oferecer informações estratégicas aos produtores não está sendo feita em nenhum outro local do mundo, é algo verdadeiramente disruptivo e que vai auxiliar na criação de muitas outras inovações, abrindo portas ainda inexploradas. O mapeamento dos minerais dá aos produtores os subsídios que eles precisam para trabalhar e tomar decisões assertivas, pois é possível entender todos os processos que já ocorreram e que ainda podem ocorrer no solo em termos de paisagem, clima, erosão, entre outros fatores. Assim, é possível prever como as culturas vão se comportar no dia a dia e esse é um dado altamente fundamental para conservar o solo e potencializar sua produtividade”.

Atualmente, Renan contribui como CEO da Quanticum compartilhando a visão estratégica que agregou com a experiência na SGS, e busca a todo o momento levar ideias diferentes para direcionar o crescimento da empresa.

Graças ao repertório construído por muitas gerações, hoje, a semente da agritech gerada na Unesp germinou e já está dando vários frutos. Atualmente, a Quanticum trabalha junto a grandes cooperativas de café do Brasil e possui uma parceria com a Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro para identificar áreas de manejo de solo em pelo menos 55 municípios do país.

Com isso, mais de 60 agricultores de diferentes regiões já se beneficiaram da tecnologia da empresa, que pode melhorar, com um preço acessível, a eficiência de sistemas de produção de soja, milho, café, cana, algodão e citros. Destaca-se ainda que cinco grandes corporações do agronegócio nacional e com expressão internacional já iniciaram seus projetos de teste e implantação da tecnologia da startup.

A empresa também está cadastrada em um programa de pontuação de grandes multinacionais que atuam no segmento Agro. Esse programa conta com uma base de 700 clientes, e cada vez que tais clientes realizam a compra de um produto, acumulam pontos que podem ser trocados por serviços prestados pela startup.

Outra boa notícia é que a empresa filha da Unesp foi contemplada no Programa PIPE (Pesquisa Inovativa em Pequena Empresa) da Fapesp, para realizar estudos ainda mais inovadores e promissores. Gustavo Pollo explica que a pesquisa que será desenvolvida com esse recurso visa identificar, por meio dos mapeamentos do DNA do solo, se existem diferenciações na qualidade dos cafés colhidos no caso de os minerais de cada terra serem diferentes, e quais são as melhores áreas para colher e plantar os grãos que ofereçam bebidas com maior valor agregado.

Além disso, a Quanticum foi selecionada para a terceira fase do Open Innovation Soja 2020 [https://www.embrapa.br/soja/open-innovation] , edital da Embrapa que visa encontrar e contribuir com empreendedores inovadores que trabalham com tecnologias para o desenvolvimento de soluções sustentáveis no sistema de produção de soja. Por conta dessa conquista, a startup irá avançar com a negociação de acordos de cooperação técnica com a Embrapa Soja, contando com a expertise e a mentoria de vários especialistas que podem trazer resultados bastante promissores para a empresa.

 

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Já foram mapeados, com a técnica utilizada pela Quanticum, mais de 12 milhões de hectares em diferentes estados do Brasil. Os resultados podem ser facilmente integrados a diferentes sistemas e plataformas da agricultura 4.0.

 

Outras alegrias ainda estão por vir, e a empresa seguirá semeando inovação e espalhando o DNA da Unesp por onde for, contando para isso com o momento de grandes oportunidades que se abre para o setor de Agronomia, tendo em vista a posição privilegiada do Brasil no setor (até 2050 o país deve ser responsável pela produção de 40% dos alimentos do mundo, nutrindo cerca de 9 bilhões de pessoas no planeta), o fortalecimento da Agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030 (que possui 40% das metas ligadas ao uso consciente dos recursos do solo), e a potencialização das tecnologias a serem usadas no dia a dia.

Quanto à contribuição da universidade nesse cenário, os diferentes envolvidos na história da Quanticum são enfáticos em afirmar que o ambiente universitário é um celeiro para empreendimentos, inovações, pesquisas e resultados, e que um número cada vez maior de iniciativas tem aproximado a Academia das empresas e da sociedade, beneficiando milhões de pessoas. O professor José Marques Júnior destaca: “Hoje conseguimos fazer ciência de ponta a ponta, estreitando o relacionamento de nossas pesquisas com o setor produtivo para trazer desenvolvimento à comunidade. A estrutura de formação da Unesp ajuda muito nesse item. A exigência de desenvolvimento e apresentação de trabalhos ao final dos cursos, o excelente Programa de bolsas de Iniciação Científica financiado pelo CNPq e pela Fapesp, o estímulo para o compartilhamento de estudos em Congressos, o desenvolvimento de pesquisas aplicadas em empresas da região, os Programas de Pós-Graduação com temáticas alinhadas às necessidades das empresas e da população, entre outras ações, criam uma cultura acadêmica de ciência e inovação em nossos alunos. Com tudo isso, só do nosso grupo de pesquisa CSME, por exemplo, já saíram mais de 30 gestores e empresários, e muitos deles obtiveram financiamento de diferentes instituições públicas de pesquisa que são referência nacional e internacional”.

Por sua vez, Gustavo Pollo ressalta: “Os contatos que eu construí na Unesp me permitiram trazer informação e tecnologia às empresas que eu estruturei. Os negócios foram formados através de conversas, em espaços que utilizávamos para compartilhar dúvidas, e, graças a essas conexões, entendemos que podíamos criar propostas inovadoras. Nossa formação na universidade nos estimulou a pensar em soluções para realidades práticas, aplicáveis e a desenvolver demandas que estão fazendo a diferença no dia a dia dos produtores”.

Diego Siqueira complementa: “Tenho um orgulho imenso em ter feito minha formação na Unesp e sei que os pesquisadores, profissionais e cidadãos que já passaram, estão passando e ainda passarão pela universidade podem dispor de um ecossistema de reflexões, pesquisas, inovações, empreendimentos, conexões e soluções de impacto social singular. A Unesp segue avançando a cada dia, e queremos que ela gere um número ainda maior de frutos como a Quanticum. Sigo trabalhando para isso como egresso da universidade, buscando apoiar atividades de popularização e divulgação da Ciência e Tecnologia no país, promover a formação inovadora de gestores acadêmicos e empresariais, além de incentivar a cultura inovadora e empreendedora de base tecnológica. Que venham muitas outras histórias, iniciativas e empresas filhas com o DNA da Unesp”.

Quem quiser saber mais sobre as experiências e os resultados dos empreendimentos formados por alunos, professores e egressos da Universidade Estadual Paulista poderá conferir, em breve, um relatório sobre o impacto econômico e social das empresas filhas da universidade. Além disso, é possível acessar informações no site da Agência Unesp de Inovação (AUIN) – www.auin.unesp.br

 

Autoria do texto: Tainah Veras.